quarta-feira, 28 de abril de 2010

MANIFESTO - Oh Guimarães, sim, és toda a nossa aspiração.

No irregular vale entre as assombrosas montanhas da Penha e de Gonça ergue-se uma cidade irrequieta alicerçada em séculos de história e de luta. Uma cidade sem mar, sem rio e sem avenidas de três faixas em cada sentido, onde se vive na ilusão da presença do mar, do rio e das tais avenidas de três faixas. Uma cidade a que chamamos nossa com o orgulho dos pioneiros que não somos. Uma cidade pequena, do tamanho de um país, que lhe cabe numa pequena colina: Guimarães, cidade de luzes cegantes.

Oh, Guimarães, sim, és toda a nossa aspiração. E é por isso que te consagramos, com intenso rigor e devoção, este lugar de ideias, esta ágora dos tempos modernos.

E este, oh Guimarães, é o lugar onde se expõe uma ideia para Guimarães, de Guimarães e por Guimarães. Uma ideia assente num progressismo de matriz conservadora. Uma ideia assente no propósito de construir uma cidade modernamente eficaz, liberalizante nos costumes e moralizante nas formas. Uma ideia de um patriotismo de cariz globalizante, aqui localizado.

Uma ideia para uma forma e para uma reforma. Uma ideia que faz doutrina, não se limitando à opinião. Uma ideia de História para escrever o futuro da História.

Queremos uma cidade omnipresente todavia leve.

Queremos uma cidade de progresso feito com os pés assentes no presente, cabeça acenando para o passado e com o corpo balanceado para o futuro.

Queremos uma cidade progressivamente independente.

Queremos lojas de conveniência e restaurantes abertos 24h por dia.

Queremos uma cidade que nunca durma.

Queremos uma cidade com uma magnanimidade à escala mundial ou universal, se for caso disso.

E tudo isto queremos porque somos o fruto de uma ideia pós-moderna, assente no pré-passado. Somos o fruto de uma sociedade liberal nos costumes, mas que não esquece Deus, mesmo que este não exista. Somos o fruto de uma sociedade laica, com excepções pontuais na sua concepção. Somos o sumo de um produto de onde se espremeu a ideia o progresso. Vamos ser os galhos frondosos da árvore de ideias que fará renascer Guimarães.

Guimarães, aos vinte e oito dias do mês de Abril de Zero Dez.


Alcides Pacheco, Dr.
Carlos Maria Brandão, Arqº
Demóstenes Monteiro, C.el

2 comentários:

  1. Saia daí uma caneca tinto entretanto

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  2. Parabéns por esta amostra
    Não é fácil manter a substância da discussão, desmontando a usual roupagem de pseudointelectualidade.

    Discutir o sério, mas sem dramatismo.

    Conjugar a ironia com a profundidade.

    Viva a inteligência

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